Eu mantenho o olhar atento para as situações sociais que me fazem sentir pequena. Estruturas sociais que apequenam indivíduos estão repletas por aí, e na educação – infelizmente – o apequenamento por vezes é uma sutil estratégia de poder.
Apequenar-se não é necessariamente algo negativo. Apequenar-se diante à grandeza da vida, os mistérios da natureza e a sabedoria divina é libertador. Este é um apequenar-se potente. “Um homem que não se inclina perante coisa alguma jamais pode suportar a carga de si mesmo.” (Dostoievsky).
Mas não é a este apequenar-se que eu me refiro.
Eu me refiro ao apequenar-se que cala. Que paralisa pela sensação de incapacidade. Que desconsidera pela sensação de ignorância. Eu me refiro ao apequenar-se que inibe o pensar ativo. Que isenta o decidir reflexivo. Que bloqueia a espontaneidade de ser quem se é. Este é um apequenar-se destrutivo. “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.” (Paulo Freire),
Quando me vejo apequenada sei que isso diz mais sobre mim do que sobre o contexto. Mas diz também sobre o contexto. Para mim é inevitável questionar qualquer estrutura que “apequena” quem nela se adentra.
Quando uma criança se vê apequenada* sei que isso diz mais sobre o contexto do que sobre a criança. Para mim é urgente questionar qualquer estrutura que apequene as crianças.
Todo ser humano é grandioso. Infinitamente potente. No engrandecer-se humano todo o mundo é recriado. A vida se revela. Um ser humano apequenado não revela a sua potência. No apequenar-se humano todo o mundo perde luminosidade.
Sustentar ou dissolver estruturas que apequenam é uma opção diária. Seguimos atentas.
————————
*no sentido destrutivo – é bom frisar, porque o apequenar-se potente é essencial na infância e as vezes me parece que está perdendo espaço de cultivo.